Amar, por vezes, significa: dizer Adeus
Espero-te bem. Apesar de não saber o que isto quer dizer.
Sabe bem, saber de ti.
Espero-te. Sem saber o que esperar.
Até quando esperar. Mas espero.
Com quem não sabe não esperar.
Ao que chamam ingenuidade chamei confiança no amor.
E, sabe bem, não saber de ti. Como se não sabendo, significasse que estás bem.
É agridoce. Porque não sei, em que jardins te sentas.
E é verdade que procurei, sem que soubesses.
Nos lugares que sei que adoras.
Que sabia.
Até nos copos onde deixas-te o teu batom.
E nos casacos que não lavei onde reservas-te o teu perfume.
Nas almofadas que te arrancaram os cabelos a meu pedido.
E nas gavetas onde guardas-te as cartas que eu não te escrevi.
No fundo, acho que esperar-te bem traduz o meu medo, que sem mim, os teus olhos desaguem em lado nenhum.
Como aquelas fontes infinitas que as pessoas de olhos em bico adoram.
Talvez no fundo, desespero-te bem. E a mim também.
Porque te espero, mas não te procuro. À exceção de quando me dás a provar a tua ausência e os silêncios nos teus olhares.
Amo-te e por isso, nunca hás de receber as cartas que eu sempre te escrevi.
Como vês, isto pressupõe que sinto que te fui mau.
Não o quis. Mas sempre pareceu mais fácil não acreditar que me amavas.
Porque se amaste livre, então o que pensar do meu passado?
E tu amas-te. Mas eu não soube, ser ingénuo.
Só agora sei, fomos infinitos.
Depois de olhar para mim através do espelho dos teus olhos, achei-me bonito.
Mas tornei-me feio à medida que ao testar os teus limites, suguei-te o desejo. E se não me desejas, eu também não.
E é por isso. Espero-te bem.