Às vezes, já somos a chuva
Há dias que já somos o Sol
Às vezes, já somos a chuva
É verdade que, há dias e dias.
Há dias que nos atropelam a bondade por mais adjetivos que possamos utilizar para escotomizar os vacilos da esperança na Humanidade.
Há dias… que parece que os astros se alinham provocatoriamente e que tudo em nosso redor conspira contra nós: O despertador que tem a lata de soar o alarme sem que nós estejamos completamente saciados de sono; os vizinhos, que por mais generoso que seja o nosso “Bom dia”, limitam-se a nos olhar com desprezo; as filas de trânsito que quando estamos com pressa, fazem questão de colocar um lento autocarro mesmo à frente do nosso carro; os filhos, que sempre que estamos cansados, parece que desenvolvem um vocabulário automático, repetitivo e limitado a duas palavras (Mãe e Pai, claro!), assim que nos sentamos a relaxar só um bocadinho no sofá; ou simplesmente o jantar que teima em não se cozinhar sozinho!
A minha avó, lembro-me bem, gostava de lhes chamar, “dias cinzentos”.
Quereria ela dizer que os dias de chuva são um desastre?
Ou quereria ela dizer que os dias de chuva são uma mistura de “preto e branco”?
…
É verdade que há dias de chuva.
Como também é verdade que por dentro desses dias, há dias que parece que só chovem rios sobre os caminhos onde nós andamos. E, de dia cinzento em dia cinzento, sem nos abrigarmos do frio, vamo-nos constipando, e de gripe em gripe, deslizamos em dias demais que nos atropelam a bondade, e… Às vezes… Já somos a chuva.
…
Nas “cidades”, há quem se congele.
Mas, se ouvirmos bem, há dias que nos atropelam com bondade. E, com algum jeitinho, tornam-se dias que nos aquecem e nos transformam em aquecedores. E aí…
Há dias, que já somos o Sol.