Nem com, nem sem ele/a

Porque é que tantas pessoas parecem não se satisfazer numa relação nem fora dela?

Porque para crescer precisamos de um Outro ao qual nos vincular, e que esse Outro nos proteja dos monstros que à noite se escondem no armário do quarto. Precisamos desse Outro protetor para um dia, "não precisarmos” dele (o itálico serve para evitar qualquer alusão à omnipotência).

Se, esse Outro, se fez eminentemente preciso; se enquanto crianças, ao subir uma pequena árvore, em vez de nos dar os braços que amparem quedas é aquele que não nos quer deixar subir, porque é arriscado, logo a criança se vê encurralada (nem com, nem sem ele/a): porque para crescer precisa de subir a árvore, mas tornou-se medrosa para o fazer.

Subir a árvore seria ficar sem chão, ficar inerte seria perder-se a si.

Há quem se mantenha em certas relações constipadas, porque a bagagem das suas experiências emocionais diz que perder o Outro seria perder a imunidade que esse Outro parece salvaguardar, mas manter-se nela também as constipa já que não oferece vitaminas para crescer. Há quem nem sequer chegue à relação tentando sustentar a omnipotência de não precisar dessa.

E depois, há quem fez/faz psicanálise/psicoterapia (brinco).

Do “nem com, nem sem” para “com e sem”.